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18 de julho de 2012

A Boneca que Cresceu

Faltava apenas uma semana para o aniversário dos gêmeos, Paulo e Paula. Os dois esperavam ansiosos para que tal dia chegasse. Enquanto os pequenos se alegravam com a aproximação do grande dia, a mamãe deles se preocupava com os presentes que lhes havia de dar. Tudo parecia difícil, pois o casal era pobre e morava numa pequena fazenda. Dona Ana, no entanto sabia que para as crianças um aniversário sem presentes não seria bom.
Uma noite, após terem os gêmeos se recolhido para dormir, o casal conversou sobre o assunto, ficando resolvido que cada um se responsabilizaria por um presente. O pai faria o de Paulo, e a mãe o de Paula.
No dia seguinte, Dona Ana deu os primeiros passos para a confecção de seu presente. Tomou um saco de farinha de trigo bem branquinho, e com uma tesoura foi recortando o pano, até que apareceram os braços as pernas, a cabeça e o tronco. Deu um suspiro de alívio, quando viu que ali estava alguma coisa muito parecida com uma boneca. Tomou uma agulha e começou o trabalho de unir a frente ás costas. Logo que terminou, verificou que aquilo, para ser uma boneca de verdade, precisava ser cheio de alguma coisa. Nada havia na casa para isto e, por mais que procurasse, não conseguiu achar nada que servisse. Finalmente, teve uma ideia. Tomando nas mãos a casca da boneca, dirigiu-se para o celeiro, onde havia sacas de arroz ainda em casca. E começou a enchê-la, e logo a boneca foi tomando sua verdadeira forma. Voltando para casa, aproveitou retalhos do vestido de Paula, e em pouco tempo a boneca estava com um maravilhoso vestido, combinando, também, com seu chapeuzinho. Fez os olhos, o nariz, a boca e, para o cabelo usou os fios de cabelo da crina do cavalo. Os sapatos foram feitos de um pedaço de couro tirado de uma carteira velha.
O Sr. José também se apressou na confecção do presente de Paulo. Ele tirou cipós de uma árvore, e fez arco e flecha.  Quantos gritos de alegria se ouviram na manhã seguinte, quando as crianças receberam os presentes; Paulo correu para fora e lá começou a brincar.
Paula, por sua vez, achava que não tinha outra boneca mais bonita do que a sua. Pensou imediatamente em lhe dar o nome de Rosaly. Na hora das refeições Rosaly sentava-se á mesa com Paula e tinha que provar de todos os pratos. Após a refeição iam deitar-se juntinhas. Paula queria levá-la, também para a escola, porém sua mãe não consentia. Paula tinha que se separar de Rosaly, deixando-a sentada na melhor cadeira até que voltasse da escola. Algumas semanas depois do aniversário, Paulo e Paula estavam ajudando os pais no plantio de feijão, quando começaram a brincar de correr um atrás do outro. Paulo sem querer, derrubou a lata de feijão, e quando o pai voltou para tirar mais feijão da lata, achou-a virada no chão e o feijão todo espalhado.
-Foi você quem espalhou o feijão, Paulo? Perguntou o pai.
- Oh, não papai. Acho que foi o Rex respondeu Paulo, culpando seu cachorro.
- Paulo, você sabe muito bem quem derrubou a lata de feijão quando corria atrás de mim Paula logo falou.
- Sendo assim, filho, disse o pai com severidade, você deve voltar para casa e ficar lá até depois da ceia. Não está envergonhado, Paulo, de mentir assim?
Em lugar de sentir vergonha pelo seu pecado, Paulo se zangou com Paula e resolveu vingar-se dela.
- Ela vai se arrepender _ disse o baixinho.
Logo que chegou em casa a procurar um meio de praticar sua vingança. Não foi preciso procurar muito, pois, imediatamente encontrou a oportunidade desejada. Ali sobre a cadeira estava Rosaly, a queridinha de Paula.
- Ah! Não poderia encontrar coisa melhor para me vingar. Paula vai aprender a não falar mal de mim.
Apanhou a boneca pelos cabelos e correu para trás do celeiro.
Pensou: Agora aqui ninguém poderá me ver!
Mas, Paulo se esqueceu de Alguém que sempre nos vê, não é crianças? Com muita pressa fez um buraco e, enterrando a boneca, pisou com força sobre a terra fofa.
Podemos imaginar como Paula sentia falta da querida boneca. Procurou o dia todo e perguntou muitas vezes a Paulo se ele não sabia onde ela estava. Finalmente papai falou severamente ao seu filho:
- Paulinho, você deve ter escondido a boneca. Dê-lha imediatamente.
Paulo fingia inocência. - Papai, não tenho a menor ideia do que aconteceu com ela. E fez de conta que ajudava a pobre Paula a procurar a boneca.
Assim os dias iam se passando. Paulo se sentia bem satisfeito até um domingo na igreja quando parecia que o pastor pregava só para ele. O texto era Números 32; 33: “sabei que o vosso pecado vos há de achar." Paulo não se sentiu bem, mas procurava acalmar a sua consciência.
- Ninguém há de descobrir Rosaly. Disse consigo mesmo. Enganei a todos, saindo com eles para procurar a boneca. Além disso, já se passaram duas semanas e todos se esqueceram do fato. 
Mas naquele mesmo dia, logo depois do almoço, um vizinho veio passar umas horas em casa do casal, e perguntou ao Sr. José:
- O que o senhor plantou atrás do celeiro.
- Não plantei nada atrás do celeiro, respondeu o Sr. José. Só há mato ali.
- Não?! Insistiu o amigo. - Mas há ali alguma coisa nascendo, e o formato dela é interessante.
- Vamos ver o que é- disseram todos. A família saiu com o visitante para ver a novidade. Paulo seguiu também.
- Oh! O que pode ser isto? Disse alguém, com admiração.
- Paulo não podendo conter-se na sua grande admiração, gritou:
- A boneca cresceu! A boneca cresceu! E continuou:
- O pastor tinha razão: SABEI QUE O VOSSO PECADO VOS HÁ DE ACHAR.
Na verdade Rosaly cresceu.
Lá estavam os braços e pernas, todo o corpo em broto verde. Paulo não podia pensar que o enchimento da boneca era de arroz com casca. A chuva e o sol fizeram com que o arroz germinasse, crescesse e descobrisse o pecado de Paulo. 

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